A patela ou rótula tem a importante função de melhorar a força de extensão do joelho através do aumento do braço de alavanca do quadríceps (o maior músculo do corpo humano). A articulação patelo femoral é submetida a grandes forças durante movimentos como uma corrida, um agachamento ou uma dança. Durante o movimento de flexão a patela desliza num “trilho” localizado na região anterior do fêmur chamado tróclea. Algumas características anatômicas e de movimento específico podem no levar a uma situação de instabilidade, onde algumas estruturas anatômicas são lesionadas, podendo evoluir para um episódio de luxação.
A luxação da patela é caracterizada pela perda de relação entre a patela e o fêmur, ou seja, quando a rótula “sai do trilho” da articulação do joelho. Sabemos que a instabilidade patelo femoral é uma entidade relativamente pouco frequente, porém presente no consultório do cirurgião de joelho, aparecendo em cerca de 3% das lesões traumáticas da articulação.
As causas mais frequentes de deslocamento da patela incluem movimentos rotatórios com o joelho em semi-flexão, movimentos laterais súbitos além de trauma na frente do joelho.
Luxação recorrente, lesões na cartilagem, dor anterior no joelho e artrose patelofemoral podem representar consequencias de tal instabilidade (algumas em curto e outras em longo prazo).
O tratamento do primeiro episódio de deslocamento é quase sempre não-cirúrgico (conservador) e inclui imobilização por algumas semanas seguido de programa de reabilitação. Exceções a essa regra incluem a presença de fragmentos ósseos ou cartilaginosos na articulação dentre outros.
Na maior parte o tratamento cirúrgico é restrito aos casos em que há recorrência das luxações. Uma variedade de técnicas cirúrgicas pode ser utilizada de acordo com as características e necessidades do paciente.
Uma das técnicas mais frequentemente usadas é a reconstrução do ligamento patelofemoral medial (LPFM), um estabilizador importante do movimento patelar. Nesse procedimento utilizamos um enxerto do próprio paciente, frequentemente o tendão do músculo gracil. Procedemos com a confecção de túneis nos locais anatômicos prévios do LPFM, colocamos o enxerto nos túneis sob a tensão correta e fixamos.
Nos pacientes que possuem algumas alterações anatômicas adicionais como patela alta, torção tibial lateral, dentre outras, pode-se associar o procedimento de osteotomia da tuberosidade anterior da tíbia (TAT). Tal procedimento visa corrigir a deformidade encontrada.
O pós operatório inclui a utilização de muletas e imobilizador de joelho (de acordo com o protocolo do cirurgião) associado a reabilitação fisioterápica.